Tamy Itsumo Otome ~[Hiatus]~: Lendas Japonesas

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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Amazake, o doce saquê


Existem no Japão muitas lendas de monges e acólitos, cujo objetivo é exemplificar a característica de cada um dos doze signos animais. Esta lenda é uma delas.

Há muitos e muitos anos, um monge extremamente mesquinho e seu aprendiz moravam em um templo da montanha. Naquela época, era comum o povo da região levar comida e bebida ao templo para fazer oferenda ao Buda e também para oferecer as almas de familiares falecidos. Assim que terminava o culto noturno, as oferendas eram retiradas do altar e degustadas pelo monge. Ao aprendiz ele não dava sequer um pedaço de doce e comia gulosamente tudo sozinho.

O monge costumava dizer que Buda comia pouco e vivia meditando de barriga vazia, portanto os aprendizes deveriam fazer a dieta de arroz e chá.

Certa ocasião, uma família de fabricantes de saquê trouxe como oferenda um garrafão de amazake. O monge deliciou-se provando alguns goles e disse ao aprendiz:
– Isto é o amazake, um saquê (vinho de arroz) doce, porém há um detalhe: apesar de doce, é um veneno para as crianças. Se uma criança beber, é morte certa. Portanto, tome cuidado para não beber por engano.

No dia seguinte, o monge saiu para fazer culto em memória de um antigo morador da vila no sopé da montanha. O acólito ficou tomando conta do templo, mas, como estava sozinho, não conseguia deixar de pensar no saquê doce.

“O monge disse que saquê doce é um veneno mortal para crianças, mas deve ter dito isso para eu não beber. Ele quer beber tudo sozinho”, pensou.

Assim, o aprendiz ficou muito curioso e resolveu experimentar o tal amazake. Tirou a bebida do armário, colocou um pouquinho na taça e provou.

– Nossa como é gostosa! Preciso experimentar mais.
Assim, foi tomando gole após gole, sem conseguir parar. Logo o garrafão estava vazio e o aprendiz de monge satisfeito e com a barriga cheia.
– Acho que exagerei. Quando o monge chegar vai me dar uma surra. E agora o que vou fazer?

O garoto pensou, pensou e finalmente teve uma idéia brilhante. No templo, havia um tesouro chamado Kibi no Hotei. Era uma estatueta de Hotei, um dos Sete Deuses da Sorte e da Fortuna, fabricado em porcelana de Imbeyaki. O aprendiz tirou a estatueta da sala e levando ao jardim e atirou contra uma rocha. Hotei quebrou em vários pedaços. Então, o garoto sentou-se no corredor e aguardou a volta do monge.

Não tardou muito, ouviu os passos do monge chegando ao templo:

– Acólito, estou de volta! – disse o monge na porta do templo. Como o aprendiz não veio recebê-lo na porta, como de costume, ele entrou. Vendo o acólito sentado no corredor e chorando, perguntando o que tinha acontecido.

– Quando o senhor saiu, eu estava limpando o salão e, sem querer, quebrei a estatueta do deus Hotei. Fiquei desesperado por quebrar uma relíquia deste templo e concluí que eu não era digno de continuar vivo. Assim, para me matar, eu bebi todo amazake que o senhor disse que matava crianças. Eu bebi, bebi, e ainda não morri. Mas estou aqui angustiado esperando a morte chegar.

Quando o monge ouviu a história, reconheceu que o garoto era inteligente, astuto e muito criativo; um típico nativo do ano do Macaco. Então, disse, conformado com sua derrota:

– Fique tranqüilo, você não vai morrer, porque a estatueta de Hotei morreu em seu lugar.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Lendas Japonesas: A lenda de Genjoraku


Genjoraku é uma antiga dança palaciana da Era Nara (710~784) apresentada freqüentemente para comemorar o retorno do imperador ao palácio após breve ausência.

Iburi, a máscara usada nesta dança, é considerada a mais complexa máscara do Bugaku (música e dança da corte), em que as sobrancelhas, a parte superior do crânio, os olhos e o queixo são móveis. Conta a tradição mitológica que essa máscara foi entregue ao primeiro dançarino dessa arte, pelo casal divino Izanagui e Izanami, criadores do arquipélago japonês. Portanto, desde os primórdios do Japão, essa dança é transmitida de geração em geração, dentro de uma família tradicional da corte japonesa.

Uma lenda conta que, certa ocasião em Nara, antiga capital do Japão, o dançarino Haruto adoeceu gravemente e veio a óbito antes de transmitir a nobre Genjoraku para seu sucessor. Os cortesões lamentaram a morte do dançarino, lembrando sempre de como ele tinha a leveza do vento ao executar a sua dança. Naquela época, ao invés de caixão, era usado um barril para enterrar as pessoas. Resolveram, então, homenageá-lo pendurando seu barril nas sombras das árvores do Bosque Hahaso, deixando-o ao sabor do vento, já que no verão daquele ano o calor estava castigando todos.

Três dias depois, um lenhador que passava pelo local ouviu um ruído que vinha das árvores e resolveu descobrir do que se tratava. Ao descobrir o caixão deixado pelos cortesões e constatar que o ruído vinha de dentro dele, saiu apavorado. Correu para um santuário e pediu proteção ao sacerdote xintô (religião nativa do Japão).

Ao saber do acontecido, amigos e familiares correram ao bosque e constataram que Haruto havia ressuscitado. Alvoroço geral. Ele estava debilitado, porém com vida!

Dias depois, plenamente recuperado, Haruto foi convidado a fazer depoimento na corte. Diante de nobres, monges budistas, sacerdotes xintô, curandeiros e toda sorte de funcionários palacianos, Haruto narrou que, depois de sua morte, foi levado para o inferno.

E, no palácio do Emma, o rei das profundezas, foi submetido a julgamento para saber qual o seu destino a partir daquele momento.

Depois de interrogado com várias perguntas, um dos auxiliares do rei Emma sugeriu:
– Haruto, este dançarino japonês, foi trazido para cá antes de transmitir a dança Genjoraku para seu sucessor. Se não o mandarmos de volta, essa dança vai desaparecer do Japão. Devemos trazê-lo novamente somente quando a dança for transmitida.

Os demais membros inquisidores concordaram com a idéia e Haruto foi mandado de volta à vida. Assim, deu-se início a longa preparação de Suetaka como sucessor de Haruto. Trinta anos de intenso aprendizado fez de Suetaka tão bom dançarino como o mestre.

Dias depois que Suetaka dançou Genjoraku na corte, comemorando o regresso do imperador, Haruto tornou a morrer.

Fonte: http://www.nippobrasil.com.br/

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Espírito do Salgueiro - Yanagi tamashi no Nyobo

Sanju-san-gendo é o nome popular para Rengeo-en, um templo foi fundado em 1164, na região oriental de Quioto, famoso por ter se iniciado com suas 1001 estátuas de Kannon, a deusa da Misericórdia, e hoje conta com 33.333 delas.

Antes que o templo fosse construído, em uma aldeia próxima, existiu uma enorme árvore de salgueiro. Gerações de crianças da localidade balançaram-se em seus galhos e brincaram de subir no seu tronco. No verão, os transeuntes descansavam à sua sombra e, à noite, encostados em seu tronco, muitos jovens casais trocaram juras de amor eterno. Enfim, o velho salgueiro fazia parte da comunidade e era testemunha centenária da história local.

Certa ocasião, o conselho de aldeões fez uma assembléia e manifestou a intenção de cortar a árvore e construir uma ponte sobre o rio que separava a aldeia em dois lados. Todos estavam de acordo, pois a centenária árvore oferecia um tronco grosso, que daria belos pilares de madeira para a ponte.

Heitaro, um jovem lavrador que tinha uma casa próxima da árvore, contrariou veementemente a decisão do conselho, dizendo que aquela árvore centenária era um símbolo da aldeia e que cortá-la era perder a identidade do local. As pessoas presentes na reunião concordavam com Heitaro, porém achavam que aquele salgueiro tinha o tronco mais grosso de todas as árvores da região, portanto daria ótima estrutura para a ponte.

Criado o impasse, a solução só veio quando Heitaro prometeu que ele sozinho iria à floresta e traria toras suficiente para construir a ponte que a aldeia tanto desejava.

Os aldeões ficaram satisfeitos com a decisão, pois secretamente todos tinham veneração pela velha árvore. Heitaro ficou muito feliz por impedir que cortassem aquele salgueiro que acostumava ver diariamente desde que nasceu naquela casa. Então, já na manhã seguinte, foi para a floresta colher material para construção da ponte.

Alguns dias depois, quando Heitaro voltava de seu trabalho, encontrou, perto do salgueiro, uma linda moça. Como pareceu que a garota estava apreciando a árvore, puxou conversa, entusiasmado.

– Essa árvore é centenária. Veja que belo formato ela tem!

A princípio, a garota mostrou-se tímida, mas, aos poucos, foi se acostumando e, assim, os jovens ficaram falando a respeito da árvore. Descobriram que tinham o mesmo pensamento a respeito do salgueiro.

Naquela noite, Heitaro não conseguiu pegar no sono. Seu pensamento estava totalmente voltado para a bela garota que encontrou junto ao salgueiro. Quem seria ela? Voltaria a vê-la? Sua mente foi bombardeada por perguntas sem respostas. Não havia dúvidas, era amor à primeira vista. No dia seguinte, Heitaro foi cedo para a floresta e trabalhou dobrado para ver se conseguia esquecer da garota. Afinal, era possível que jamais a visse de novo, pois sabia que não era ninguém da aldeia. Mas, ao retornar para casa ao anoitecer, lá estava ela, junto ao tronco do salgueiro! Desta vez, ela estava mais à vontade e convidou Heitaro para descansar encostado no tronco do salgueiro.

Heitaro aceitou o convite de bom grado e conversaram bastante, a ponto de ele declarar seu amor por ela.

Nos dias que se seguiram, Heitaro continuou se encontrando com ela junto ao salgueiro. Ela disse que seu nome era Higo e o lavrador a pediu em casamento. Por fim, ela concordou em casar com ele, desde que o moço nunca perguntasse sobre seu passado, parentes e amigos.

– Eu te amo de todo coração e alma. Não tenho passado, parentes ou amigos. Só posso prometer que serei uma boa e fiel esposa.

Heitaro não cabia em si de felicidade. Levou-a para sua casa e se casaram numa cerimônia simples. Os aldeões comentavam que Heitaro era um sujeito de sorte por ter conseguido uma esposa bela e trabalhadora. Um ano depois, nasceu um filho para aumentar ainda mais a felicidade do casal. Deram o nome de Chiyodo ao menino, que teve toda atenção de seus pais. E, na aldeia, comentavam que Heitaro, Higo e a criança eram, sem dúvida, a família mais feliz de todo o Japão...


No ano em que Chiyodo completou 5 anos, o imperador aposentado Toba decidiu construir um templo dedicado a Kanon, a deusa da Misericórdia, contendo 1001 imagens dessa divindade.

Divulgado o desejo do ex-imperador Toba, as autoridades palacianas ordenaram a coleta de madeiras para construção do grande templo na região. Entre as árvores que seriam cortadas, o grande salgueiro foi incluído com o objetivo de servir como pilar central.

Heitaro, novamente tentou preservar a árvore, oferecendo seu trabalho e outras árvores da redondeza, porém, desta vez, os habitantes da aldeia não concordaram com ele. O povo sentia orgulho pelo fato de que o grande salgueiro de suas aldeia seria utilizado na construção do templo sagrado da deusa Kanon.

– Nossa aldeia é pobre. Não temos dinheiro para contribuir na construção do templo, mas podemos oferecer as maiores toras que serão usada no edifício sagrado - comentavam os habitantes locais.

Dias depois, ainda de madrugada, Heitaro e o filho foram despertados pelo som do machados cortando árvore. Ao acordar assustado, Heitaro viu que sua esposa, Higo, estava sentada perto dele, tremendo de frio, embora estivesse muito calor naquele verão. Em sua alva face, lágrimas escorriam sem parar.

Heitaro colocou um cobertor sobre seus ombros, enquanto ela falava com voz embargada.

– Querido marido, escute bem o que vou dizer agora. Quando nos casamos, eu pedi a você que jamais perguntasse sobre meu passado ou minha família. Pois infelizmente chegou o momento de esclarecer tudo. Eu sou o espírito do grande salgueiro que você salvou há seis anos. Para recompensá-lo pela sua grande bondade, por meio de um encantamento, adquiri forma humana para viver com você e fazê-lo feliz a vida inteira. Infelizmente, este sonho acabou. Estão cortando o grande salgueiro e sinto a dor de cada machadada. Devo retornar agora à árvore, porque sou parte dela. Meu coração está angustiado em saber que estou deixando você e nosso filho querido. Desejo que ambos tenham uma vida longa e próspera.

Enquanto ela falava, sua imagem foi se tornando transparente, até desaparecer diante os olhares lagrimejantes de Heitaro e Chiyodo.

Com o garoto no colo, Heitaro correu em direção do salgueiro pedindo para parassem de cortar aquela árvore, mas era tarde demais.

Quando o sol estava a pino, os marceneiros já haviam desgalhado completamente a árvore e uma multidão se reuniu para puxar o tronco até o rio. Flutuando, a tora seria levada até o local do templo a ser erigido em Quioto. Os trabalhadores amarraram cordas no tronco, usaram alavancas e tentaram mover em direção do rio, porém, estranhamente não conseguiram mover nem um centímetro da tora. Então, chamaram todos os homens da aldeia e, com esforços multiplicados, tentaram mover o tronco do grande salgueiro. Novamente, por mais que os homens aplicassem suas forças, o tronco não saia do lugar.

Heitaro que, junto do filho, assistia cabisbaixo o esforço do pessoal disse, então:

– Meus amigos, esse tronco do velho salgueiro que estão tentando mover contém o espírito da minha esposa. Se vocês permitirem, gostaria que meu filho ajudasse a empurrá-lo, pois assim ele estaria demonstrando respeito a sua mãe e dando seu último adeus. É uma maneira de o garoto mostrar a sua mãe que conseguirá sobreviver após sua partida. Caso contrário, ela jamais conseguirá sair de perto dele.

Muitos dos presentes ainda estavam incrédulos com o que o lavrador dizia, porém, como já haviam tentado de tudo, não nada custava mais uma tentativa, por mais fantasiosa que parecesse.

Então, os homens resolveram fazer um último esforço, puxando o tronco com várias cordas. O pequeno Chiyodo veio por trás do tronco e, com suas pequenas mãos, empurrou a tora, que começou a deslizar e seguiu com facilmente até o rio. Enquanto isso, Heitaro cantava com voz chorosa e lágrimas nos olhos uma canção de amor e despedida.

Fonte:http://www.nippobrasil.com.br/

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Urihime e a Yamanbá

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Há muito, muito tempo, havia, numa pequena aldeia japonesa, um casal de velhinhos. Como de rotina, o velhinho ia à floresta catar galhos secos para lenha e a velhinha ia ao rio lavar roupas. Enquanto esfregava as roupas na água, a velha senhora percebeu que um melão vinha flutuando em sua direção.

A velhinha apanhou o melão e, junto das roupas, levou-o para casa. Quando seu marido voltou com as lenhas, ela disse:

– Veja meu velho, encontrei um uri (melão) grande no rio. Vamos comê-lo, que parece gostoso – dizendo isso, a velhinha foi à cozinha e apanhou uma faca para cortar o melão. Mal encostou o corte da faca no melão, ele rachou em dois pedaços. Em seu interior, havia uma bela criança.

O casal ficou muito feliz, porque não tinha filhos e aceitou o fato como um presente divino. Assim, a criança foi chamada de Uriko (filha do melão).

O bebê cresceu rapidamente, tornou-se uma bonita menina e, mais tarde, uma linda moça. Era muito inteligente e tinha habilidade especial em tecelagem. Sua beleza e habilidade ganharam fama e ela ficou muito comentada pelas cidades vizinhas. Em reverência a sua beleza, as pessoas a chamavam de Hime (princesa), ou de Urihime (Princesa Melão). Então, um rico senhor feudal, ouvindo falar dela, mandou seus homens para pedi-la em casamento.

O homem velho e sua esposa ficaram contentes ao ouvir que sua filha se tornaria esposa de uma pessoa tão importante.

Com a aproximação do dia do casamento, seus pais foram fazer compras na cidade.

– Cara Urihime, nós iremos à cidade para comprar seu enxoval. Você deve ficar em casa e não deve abrir a porta e as janelas, mesmo que alguém a chame. Tenha cuidado, pois existe uma Yamanbá na montanha e essa bruxa pode aparecer por aqui.

Ela ficou sozinha na casa, trabalhando no tear. A bruxa da montanha viu os velhinhos rumando em direção à cidade e resolveu fazer uma visita à bela princesinha.

– Urihime, você está aí dentro? Abra a porta, sou eu, a sua avó.

– Meus pais me disseram para nunca abrir a porta quando estou sozinha. Em hipótese alguma devo abrir a porta, por isso, obedeço às ordens e não abro a porta.

– Você não precisa abrir a porta inteira, apenas uma pequena fresta para meu dedo entrar.

– Está bem vovó, só um pouquinho.

– Urihime, abra um pouquinho mais, só para minha mão entrar.

– Então só mais um pouquinho.

– Urihime, abra mais um pouquinho, para minha cabeça entrar.

– Oh, não! Meus pais vão ficar zangados.

– Mas, Urihime, eu gostaria de ver seu rosto. Dizem que é a moça mais bonita do Japão!

– Está bem, vou abrir somente para sua cabeça entrar.

Assim que a cabeça passou pela porta, foi fácil entrar na casa. A bruxa da montanha raptou Urihime e a levou para a montanha, deixando-a amarrada num pé de ameixeira. Voltou correndo para casa e trocou sua roupa suja por uma bela peça do vestuário de princesa.

No dia seguinte, os vassalos do senhor feudal que vieram buscar Urihime com um palanquim e levaram a bruxa disfarçada para o castelo. Como ela foi com um chapéu de véu, não era possível ver o rosto da moça. No caminho do castelo, quando passaram perto da ameixeira na qual Urihime estava amarrada, os corvos da montanha começaram a gritar de modo estranho:

– Não é Urihime. Urihime está na montanha. Não é Urihime. Urihime está na montanha.

Percebendo que havia algo de estranho, a comitiva do castelo examinou o palanquim e descobriram toda a farsa. Urihime foi libertada e a bruxa foi parar na cadeia. Assim, casada com o rico senhor feudal, Uriko tornou-se uma princesa (hime) de verdade.

Fonte: http://www.nippobrasil.com.br/

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Lendas Japonesas: Jirohei no Sakura no Ki


Na região norte de Quioto, existe um santuário xintô (religião nativa do Japão) de nome Hirano Jinja. Esse rincão sagrado é conhecido por suas preciosas árvores de cerejeiras. Entre essas árvores, existe uma centenária cerejeira (sakura), apelidada de Jirohei no Sakura. Essa árvore é, atualmente, uma atração turística. Durante sua floração, na primavera, muitas pessoas vão ao santuário para apreciar as flores e fazer pedidos de graças.

Antigamente, havia uma grande e próspera casa de chá próximo dessa cerejeira, cujo dono se chamava Jirohei. Ele iniciou seu negócio com um modesto casebre e ganhou dinheiro rapidamente. Assim, atribuía sua prosperidade às virtudes daquela velha árvore e não parava de agradecer. Sua veneração ia além das orações e agradecimentos; também a cercava de cuidados, aguando-a, estercando e impedindo que os garotos da localidade escalassem ou quebrassem seus galhos. Assim, a árvore foi prosperando junto com a casa de chá de Jirohei.

Certo dia, um samurai chegou ao templo de Hirano e resolveu descansar na casa de chá. Sentou-se num banco e ficou apreciando a floração da cerejeira. Era um homem mal-encarado, forte e de grande estatura.

– Você é o dono desta casa de chá? – perguntou o samurai.

– Sim, senhor, sou eu mesmo, deseja alguma coisa? – respondeu Jirohei.

– Não obrigado. Você tem uma bela cerejeira diante seu estabelecimento.

– Sim, senhor. Esta é uma árvore auspiciosa, a ela devo minha prosperidade. Agradeço que o senhor tenha expressado sua admiração por ela.

– Eu quero um galho bem florido dessa árvore, vou levar de presente para uma gueixa!

– Sinto muito, senhor, mas não posso atender seu pedido. Os sacerdotes do santuário me ordenaram a não deixar que nenhum galho desta árvore seja cortado, não importando quem quer que faça o pedido. De modo que peço sua compreensão. No mais, existe um velho ditado que diz: “Podemos cortar o galho florido da ameixeira para enfeitar o vaso, mas nunca o galho de cerejeira”.

– Você é um tipo de pessoa bem falante, desagradável e um tanto ingênuo; quando eu digo que quero uma coisa, você simplesmente deve ir buscar correndo. Portanto, vá cortar um belo galho da cerejeira para mim.

– Compreendo que o senhor é uma pessoa determinada, mas, ainda assim, devo recusar seu pedido – disse Jirohei educadamente.

– Não estou fazendo um pedido, meu caro, estou lhe dando uma ordem. Mas, como sua recusa é dita educadamente e com muito respeito, não vou obrigá-lo a cortar-me um galho de cerejeira. Eu mesmo o farei com minha afiada espada.

Assim dizendo, o samurai levantou-se e sacou sua espada. E foi junto à árvore para decepar um belo galho florido da cerejeira. Jirohei correu atrás e agarrou o braço do guerreiro, tentando impedir que ele cortasse tal ramo.

– Por favor, senhor samurai, não faça isso, não macule a árvore. Ofereço minha vida em troca do galho de sakura.

– Você é um idiota. Ninguém em sã consciência desvia um samurai de seu objetivo.


Assim dizendo, cortou um galho florido de sakura . Jirohei, tentando proteger o galho, entrou na frente do samurai. O golpe de espada, além de cortar o galho, rasgou o peito e a barriga do dono da casa de chá. Ensangüentado, Jirohei abraçou a cerejeira depois do golpe fatal. O samurai, vendo que o homem estava morrendo, afastou-se do local o mais depressa possível...

Quando a esposa de Jirohei e os empregados da casa de chá saíram para ver o que estava acontecendo, encontraram-no morto abraçado firmemente à árvore.

Daquele dia em diante, a casa de chá foi declinando pela falta de fregueses. O fato de alguém ter sido assassinado bem em frete a casa causava desconforto aos tradicionais freqüentadores que, aos poucos, foram sumindo, até desaparecerem completamente. Paralelamente, também a árvore começou a perder folhas até secar por inteiro. Obrigada a fechar a casa de chá, a viúva de Jihorei ficou sem razão para continuar vivendo e resolveu ir ao encontro ao seu marido, enforcando-se num galho seco da árvore moribunda.

Ela foi encontrada pendurada na enorme árvore seca numa noite de lua cheia. O cenário era horripilante. Depois disso, correu a notícia de que alguém tinha visto um fantasma circundando a cerejeira seca. Assim, ninguém se atrevia passar por lá após o anoitecer.

A casa de chá tornou-se uma ruína e começou a despencar. Então, o povo resolveu levantar um templo no local para ver se conseguia exorcizar o fantasma da árvore seca. Como o fantasma continuou aparecendo, o templo tornou-se impopular e praticamente sem freqüentadores. Por outro lado, ninguém tinha coragem de cortar a árvore que Jirohei havia defendido com a própria vida.

Como ninguém tinha visto sua cara, o samurai que matou Jirohei ficou calado e ninguém soube de seu segredo. Acontece que seu filho, um jovem samurai, intrigado com essa história de aparição, resolveu tirar o caso a limpo. Assim, comunicou aos amigos e familiares sua intenção de permanecer à noite perto da cerejeira seca. Caso o jovem samurai conseguisse, de alguma forma, exorcizar o fantasma, ganharia fama e garantiria um bom salário em algum castelo da redondeza.

Consta que, na noite do terceiro dia do terceiro ano da Era Keio (1865), o jovem samurai, apesar da tentativa de seu pai em não o deixar ir, foi sozinho e bem armado ao templo. Lá chegando, ficou escondido atrás de uma lanterna de pedra (ishidoro) observado a cerejeira seca.

Para seu espanto, quando chegou a hora do boi, a cerejeira seca repentinamente tornou-se coberta de flores, como no dia em que Jirohei foi assassinado. Vendo aquele fenômeno assombroso, o jovem samurai sacou de sua espada e atacou com fúria a árvore. Deu golpes violentos, cavando enormes sulcos no tronco da cerejeira. Nesse momento, ouviu gritos agonizantes que lhe pareceram vir de dentro do tronco. Depois, bastante exausto dos golpes, revolveu descansar à espera da aurora, para ver os danos que tinha causado na árvore assombrada.

Quando o dia clareou, o jovem samurai encontrou o corpo de seu pai retalhado junto ao tronco da cerejeira. Certamente, seu pai veio ao local com medo de que algo de mal pudesse acontecer ao filho. O jovem ficou desesperado ao ver o que tinha feito a seu pai.

Depois daquela noite, o fantasma da cerejeira nunca mais apareceu. Dizem que a cerejeira voltou à vida e continuou florindo todos os anos. Ninguém até hoje sabe explicar se o fantasma que apareceu era de Jirohei ou de sus esposa, que morreu enforcada. E existem teorias de que a cerejeira, quando teve o galho cortado pelo samurai, entrou em estado de choque, permanecendo numa espécie de hibernação até que o jovem samurai fizesse sulcos no tronco.

Fonte: http://www.nippobrasil.com.br/

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O rapaz que casou com a Deusa dos Alimentos


Há muitos e muitos anos, havia, no litoral norte do Japão, uma aldeia muito grande de nativos Ainus. Esse povoado estava localizado numa região rica em caça e pesca. Era um local de abundância, com vários tipos de alimentos. Mas nem sempre foi assim. Houve época em que a fome se instalou nessa localidade e, aos poucos, os peixes foram rareando, os alces desaparecendo e os vegetais comestíveis secando. Em conseqüência disso, os habitantes foram morrendo fome, restando somente poucos ainus e, entre eles, uma moça e um rapaz que eram filhos do chefe da aldeia.

A moça, que era a mais velha dos dois, disse em certa ocasião: – Sou uma mulher, portanto, se eu morrer, pouco importa; mas você, sendo homem, é o herdeiro da família. Portanto, pegue essa bolsa contendo todo o tesouro da família e saia à procura de alimento. Se permanecer aqui, será morte certa. Vá, encontre alimento e coma bastante para não morrer. Com isso, deve dar continuidade a nossa raça. Eu ficarei velando pelo espírito de nosso povo e esperando a sua volta.

Assim dizendo, entregou uma bolsa de couro de veado contendo o tesouro para o irmão. Então, o rapaz saiu caminhando pela longa praia. Depois de andar por vários dias, avistou uma paisagem agradável contendo uma cabana. Ao aproximar-se da cabana, percebeu que, perto dela, havia uma grande carcaça de baleia. Na porta da cabana, havia um homem de aparência divina e ao lado dele, surgiu uma jovem e bela mulher, vestida de preto, que parecia ser uma deusa.

O homem deu boas-vindas e convidou o rapaz a entrar. Em seguida, foi servido carne de baleia cozida e o jovem se deleitou, depois de uma longa temporada de fome. Mas o estranho daquela hospitalidade era que a mulher nunca olhava para o lado onde estava o moço.

Depois de comer bastante, o jovem abriu a bolsa que tinha recebido de sua irmã, de onde retirou o tesouro e ofereceu ao dono da casa.

– Gostaria que aceitasse esse tesouro como pagamento ao alimento que recebi.

– Oh! São tesouros lindos e muitos valiosos – disse o homem, examinando minuciosamente as peças. Depois, tornou a elogiar o tesouro e comentou:

– Não posso receber pagamento em troca de alimentos. Mas posso trocá-lo com os meus tesouros. Vou buscar meu tesouro que está guardado numa casa que tenho aqui perto. Espere-me aqui e pode comer quanto quiser de carne de baleia.

Dito isso, o homem saiu. Então, na cabana, ficaram o rapaz e a mulher de preto. Passado algum tempo, a mulher voltou-se para o rapaz e disse:

– Jovem, ouça-me com atenção. Sou a Deusa dos Alimentos. E o meu marido é o Deus Dragão. Não existe ninguém mais ciumento do que ele, por isso, não olhei para seu lado para não causar ciumeira. Desde que me casei com ele, deixei de produzir alimentos, pois ele tem ciúme de que eu trabalhe para o bem do povo das aldeias desta região.

– Então é por isso que em nossa aldeia todos estão morrendo de fome.

– Oh! Sinto muito, jamais desejei isso. Meu prazer é ver os seres viventes felizes e satisfeitos. Mas meu marido é ciumento demais para permitir que eu produza alimentos para todos.

– Será que não existe uma maneira de você fazer a nossa aldeia novamente farta? Por favor, tem que ser urgente, pois restam poucas pessoas com vida.

– Continuando casada com meu marido, isso é impossível. Porém, se ele me deixar partir, tudo é possível.

– É seu desejo separar-se dele?

– Eu não suporto mais seu ciúme. O tesouro que você trouxe nem os deuses têm igual. Por isso meu marido ficou observando minuciosamente as peças. Ele vai falsificar cada peça e trazer um tesouro de imitação para trocar com o seu. Porém, você deve dizer que não quer fazer a troca de tesouros, e sim comprar a mulher dele com seu tesouro.

– Acha que isso vai dar certo?

– Sim, ele é tão ciumento que logo vai imaginar que houve algo entre nós na sua ausência. Então, vai me abandonar com a cabeça quente. Mais tarde, poderemos nos casar e nunca mais vai faltar alimento em sua aldeia.

Após alguns dias de ausência, o homem de aparência divina retornou à cabana com um saco cheio de tesouro. Então, foi logo propondo a troca de tesouros.

– Ei, rapaz, eu trouxe os meus tesouros para trocar com os seus.

– Eu aprecio as peças de ouro, porém, aprecio muito mais a sua esposa do que qualquer tesouro. Gostaria de comprar sua esposa em troca de meu tesouro.

O Deus Dragão ficou com aparência atordoada e um ensurdecedor ribombar de trovões explodiu sobre a cabana. Com o estrondo, a cabana ficou em pedaços. Quando o rapaz recuperou os sentidos, lá estavam a deusa e o tesouro. O Deus Dragão havia desaparecido.

Então, a mulher lhe disse:

– Meu marido foi embora muito raivoso e fez toda a barulheira de ciúme ao saber que desejamos ficar juntos.

Assim, o rapaz e a Deusa dos Alimentos se casaram e nunca mais faltou comida naquela região.

Fonte: http://www.nippobrasil.com.br/

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Lendas Japonesas: O Amigo do Oni


Há muitos e muitos anos, havia uma rocha enorme perto de uma aldeia. Certo dia, um dos moradores da localidade teve uma experiência estranha. Quando passava perto da rocha, ouviu uma voz sair de dentro dela. O acontecido espalhou-se rapidamente entre os aldeões e muitas pessoas foram ao local para confirmar a história. Ao ouvir vozes, pensaram que havia pessoas falando atrás da rocha, porém logo verificaram que não havia ninguém por lá. Então, passaram a chamar a enorme pedra de Rocha Misteriosa.

Certa ocasião, um samurai chamado Sasaya Hirokazuemon passou pela aldeia montado em seu belo cavalo. Quando passava pela rocha, sentiu sonolência e resolveu descansar a sua sombra. Amarrou o cavalo num arbusto e tirou uma soneca.

De repente, acordou com o relincho de seu cavalo. Ficou surpreso ao ver que seu cavalo havia diminuído de tamanho e estava sendo sugado para dentro de um pequeno furo na rocha. Os olhos do samurai ficaram perplexos ao ver que milhões de formigas estavam na corda puxando o cavalo. Então, o guerreiro agarrou a rabo do animal, que já estava totalmente arrastado para o furo. Mal agarrou a cauda, o samurai também encolheu de tamanho e foi arrastado para dentro do buraco. O samurai sentiu que estava sendo arrastado por um redemoinho profundo de cores e formas diversas.

As formigas desapareceram e o samurai e o cavalo foram deixados sobre um platô, dentro do buraco da rocha. Hirokazuemon percebeu que havia um vale a sua frente e nele uma pequena aldeia com algumas casas, plantações e pessoas trabalhando na lavoura. Notou também que havia seres com chifres na cabeça vigiando as pessoas que trabalhavam como escravos.

– Acho que estou na terra dos Oni (demônios).

Nesse momento, um ser muito feio aproximou se do samurai. Receoso, o homem tratou de demonstrar amabilidade pensando em salvar sua pele.

– Gostou do meu cavalo? Podem ficar com ele!

– O que está dizendo? Nos oferece o seu cavalo amavelmente. Quanta gentileza, o cavalo será muito útil a nossa lavoura. Aqui, a terra é muito dura e precisa ser removida – disse o demônio, demonstrando bom humor.

Hirokazuemon sentiu-se aliviado, pois tudo indicava que o demônio não pretendia acabar com sua vida. O monstro pegou as rédeas do cavalo e disse:

– Vou lhe dar algum dinheiro em troca do cavalo. Vocês humanos sempre estão precisando de dinheiro.

O samurai ficou admirado com a grande quantidade de dinheiro que o demônio lhe deu. Era equivalente ao preço de muitos e muitos cavalos...

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Só peço que nunca mencione a ninguém, a existência deste lugar – disse o demônio antes de se afastar, levando o cavalo.

O samurai que ficou rico resolveu abandonar sua função no castelo, e estabeleceu-se numa aldeia próxima, onde adquiriu uma bela casa. Passava o dia inteiro sem fazer nada e bebendo saquê nas tavernas. Não tardou muito para que o dinheiro ganhado do demônio fosse totalmente gasto. Assim, tornou-se um pobre beberrão.

Como não tinha mais dinheiro, o taverneiro negou-se a vender-lhe saquê, alegando que ele não tinha como pagar. Então, o ex-samurai, que já tinha bebido bons goles a custa dos aldeões, disse orgulhoso:

– Sou amigo do Oni, posso conseguir muito dinheiro quando quiser!

Os homens que estavam bebendo na taverna riram da declaração de Hirokazuemon. Inconformado, ele reagiu, quebrando a promessa que havia feito ao demônio.

– Vocês estão duvidando? Pois digo que a morada dos demônios é abaixo da Rocha Misteriosa. Eles me dão quanto dinheiro eu necessitar, só preciso que me arranjem um cavalo.

Os aldeões riram bastante quando Sasaya Hirokazuemon contou toda história. Porém, como estavam todos eufóricos, resolveram levar avante a brincadeira. Trouxeram um cavalo e exigiram que o homem provasse o que estava dizendo.

Quando chegaram junto à Rocha Misteriosa, procuraram exaustivamente pelo furo, mas nada encontraram. De repente, Hirokazuemon experimentou um sentimento estranho – como se alguém estivesse rindo dele de modo horripilante. Os aldeões tiveram a mesma sensação e, arrepiados de medo, saíram correndo do local.

Hirokazuemon sentiu-se arrastado por um redemoinho profundo e multicolorido. Quando retomou os sentidos, estava ajoelhado diante do demônio. Ao levantar os olhos, descobriu que estava diante de um tribunal sendo julgado. Era a corte de Emma-o, o Rei do Inferno, que, naquele momento, ditou a sentença:

– Este homem gastou inutilmente todo dinheiro que lhe demos. Não praticou nenhuma boa ação e não deu um centavo sequer aos necessitados. Por isso, está condenado ao trabalho forçado eternamente em nossa lavoura.

Naquele momento, Sasaya Hirokazuemon entendeu que o dinheiro recebido era uma chance que os demônios estavam lhe dando para mudar de vida. Porém, infelizmente, ele a havia desperdiçado.

Fonte: http://www.nippobrasil.com.br/

domingo, 30 de agosto de 2009

Lendas Japonesas: Tanabata

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Através do céu estrelado de uma noite de verão, é possível avistar duas estrelas, em lados opostos: Altair e Vega. Dizem que estas duas estrelas foram, há muito tempo, um homem e uma mulher, que agora só se encontram um vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês, 7 de julho. A lenda a seguir é a história dos dois.

Era uma vez um homem, chamado Mikeram. Um dia, quando voltada do trabalho e andava perto de um lago, avistou uma manto preso a uma árvore. Era feito de tecidos finos, muito bonito e brilhante. "Que lindo manto! Deve valer uma fortuna", pensou o rapaz. Ele pegou o manto e guardou consigo.

"Com licença senhor", ouviu alguém dizer enquanto se preparava para ir embora. "O senhor viu o meu manto, ele estava aqui, sobre esta árvore?" Mikeram mentiu, "não, não vi nada parecido com um manto aqui". "Ai, como voltarei agora para o meu reino, acima das nuvens, sem meu manto eu não consigo.", disse a jovem mulher.

Ela se chamava Tanabata. Mikeram apaixonou-se pela linda mulher à primeira vista e tinha medo que, ao devolver o manto, ela partisse para longe. "Venha comigo, você pode ficar na minha casa enquanto não encontra seu manto sagrado".

Eles se casaram e viveram juntos por alguns anos. Mas Tanabata olhava para as estrelas todas as noites, ela tinha muita saudade de seu reino. Todos os dias Mikeram saía para trabalhar e Tanabata ficava em casa, com os passarinhos. Um belo dia, ela viu um passarinho bicando algo no telhado e logo percebeu que era o seu manto.

"Então foi Mikeram que pegou meu manto, ele sabia o tempo todo". Preparou-se para partir, vestiu seu manto e ia subindo, quando ouviu Mikeram gritando. "Você encontrou seu manto, me perdoe, não vá, eu te amo". Tanabata gritou, "Se realmente me ama, faça mil pares de chinelos e enterre-os perto de um broto de bambu. Assim nós nos encontraremos novamente, eu estarei esperando". E partiu voando.

Assim, dia após dia e noite após noite, Mikeram produziu chinelos e mais chinelos. Quando finalmente conseguiu juntar mil pares, correu para um broto de bambu e os enterrou. De repente, o bambu cresceu e cresceu. Sem perder tempo, Mikeram subiu até as nuvens. Mas, quando chegou perto do topo, percebeu que não havia mais árvore para subir e ainda faltava um pouco para chegarão topo. Na verdade, ele havia errado na conta, construíra somente 999 pares de chinelo.

"Tanabata, Tanabata, me ajude a subir, sou eu, Mikeram". Tanabata ouviu os gritos do marido e correu para ajuda-lo. Quando ele finalmente conseguir subir, os dois se abraçaram. Mas de repente, ouviram um grito, "quem é você?", perguntou o pai de Tanaba a Mikeram.

"Ele é meu marido e eu o amo", disse Tanabata. O pai não gostou nada de Mikeram, ele era de outro reino e não servia para sua linda filha. "Para ficar aqui, meu rapaz, você terá que cumprir algumas tarefas. Está vendo aquelas cestas, eu quero que você plante todas as sementes que estão nelas". "Sim, senhor, farei isso.", respondeu timidamente Mikeram.

Havia milhares de sementes e ao final de três dias, Mikeram plantara todas. "Mas, o que significa isso? Você plantou as sementes no campo errado", disse o pai, enfurecido. "Você terá que plantar todas novamente e rápido", ordenou. Pobre Mikeram, levaria anos para achar todas as sementes e planta-las novamente.

Felizmente, Tanabata teve uma grande idéia: chamou seus pássaros de estimação e pediu para que eles achassem e replantassem todas sementes, juntos com outros pássaros amigos. Assim, o céu ficou coberto de pássaros, que cumpriram a tarefa.

O pai de Tanabata mal pode acreditar no que viu. Logo pensou em outra tarefa difícil para Mikeram: ele deveria cuidar da plantação de melancias por três dias e três noites, sem comer ou beber nada. "Tome muito cuidado, Mikeram, melancias são frutas sagradas no meu reino", advertiu Tanabata, "não coma uma sequer."

Após dois longos e cansativos dias, Mikeram estava exausto, com muita fome e sede. Ele não resistiu e abriu uma das milhares de melancia. De repente, uma enorme quantidade de água jorrou da melancia, como um rio turbulento, arrastando Mikeram para longe, muito longe do reino das estrelas e de Tanabata.

A partir deste dia, Tanabata e Mikeram se encontram somente uma vez por ano, no dia 7 de julho. Nesta data, o pai de Tanabata convoca todos os pássaros do reino para formar uma grande ponte, que leva Mikeram a Tanabata.

Uma outra versão da lenda é que um homem pobre e humilde e uma Deusa se apaixonaram, mas o pai da Deusa não aceitou isso, já que além de pobre não passava de um mortal, mas Tanabata mesmo assim quis ficar ao lado do homem que amava,seu pai ficou tão furioso que transformou os dois em estrelas e colocou-as em partes opostas do universo, mas Deus, que ficou com pena dos dois lhes disse: - Uma vez por ano vocês poderão se ver, mas só se realizarem os desejos do povo da terra.

E mais outra versão dessa lenda

Uma lenda inglesa conta a origem do festival Tanabata:

Há muito tempo, de acordo com uma antiga lenda, morava próximo da Via-Láctea uma linda princesa chamada Orihime (織姫) a "Princesa Tecelã".

Certo dia Tenkou (天工) o "Senhor Celestial", pai da moça, apresentou-lhe um jovem e belo rapaz, Kengyu (牽牛) o "Pastor do Gado" (também nomeado Hikoboshi), acreditando que este fosse o par ideal para ela.

Os dois se apaixonaram fulminantemente. A partir de então, a vida de ambos girava apenas em torno do belo romance, deixando de lado suas tarefas e obrigações diárias.

Indignado com a falta de responsabilidade do jovem casal, o pai de Orihime decidiu separar os dois, obrigando-os a morar em lados opostos da Via-Láctea.

A separação trouxe muito sofrimento e tristeza para Orihime. Sentindo o pesar de sua filha, seu pai resolveu permitir que o jovem casal se encontrasse, porém somente uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar, desde que cumprissem sua ordem de atender todos os pedidos vindos da Terra nesta data.

Na mitologia japonesa, este casal é representada por estrelas situadas em lados opostos da galáxia, que realmente só são vistas juntas uma vez por ano: Vega (Orihime) e Altair (Kengyu).

Sendo assim, existe um feriado japonês chamado Tanabata, que eles escrevem num papel um desejo e penduram numa árvore e depois a queimam, para que a fumaça com seus desejos cheguem até os dois e sejam realizados.

domingo, 23 de agosto de 2009

Lendas Japonesas: Momotaro

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Há muito tempo, em uma vila distante, vivia junto um casal de velhinhos. Num certo dia, o velhinho colhia gravetos de madeira na montanha e a velhinha lavava roupas no riacho. Enquanto esfregava as roupas, ela viu um pêssego enorme flutuando no rio e, com alguma dificuldade, conseguiu alcançá-lo.

Ela carregou o pêssego para casa, parando diversas vezes no caminho para descansar. O velhinho chegou em casa no final da tarde e ficou muito contente quando viu o enorme pêssego. "Que lindo pêssego, parece delicioso!", disse o velhinho. Quando se preparavam para fatiá-lo, o pêssego se mexeu. "Esta vivo, está vivo", disse a velhinha.

De repente, um pequeno menino saiu de dentro do pêssego. Estarrecidos, os dois ficaram olhando e examinando. Como não tinham filhos, eles ficaram muito contentes e resolveram adotar o menino. Decidiram que seu nome seria Momotaro.

O tempo passou e, quanto mais o Momotaro crescia, mais saudável ficava. Numa certa noite, ele ouviu conversas sobre os Onis, monstros que atacavam as aldeias e assustavam os moradores locais. Ele ficou tão bravo que tomou uma decisão: iria à Ilha dos Onis para combatê-los.

A princípio, seu pais ficaram muito assustados, mas gostaram de ver a coragem do filho. Apesar do medo que sentiam, os velhinhos preparam diversos bolinhos, os kibidangos, para Momotaro levar na viagem.

Na manhã seguinte, Momotaro partiu, levando consigo os kibidangos. No caminho, ele encontrou um cachorro. "Momotarosan, Momotarosan, por favor, dê-me um bolinho e eu irei com você enfrentar os Onis", disse o cachorro. Momotaro deu-lhe um kibidango e o cachorro partiu com ele.

Mais adiante, encontraram um macaco. "Momotarosan, Momotarosan, o que você leva neste saquinho?". "São kibidangos, os deliciosos bolinhos, os melhores do Japão"." Pode me dar um? Assim eu irei com vocês". E assim foi feito. Momotaro, o cachorro e o macaco seguiram o caminho juntos e, mais à frente, viram um faisão. Ele também pediu e ganhou um kibidango e assim seguiram em quatro.

Após uma longa jornada eles chegaram ao mar. Remaram e remaram, enquanto o faisão voava e indicava o caminho, pois o céu estava escuro e coberto de nuvens. Quando chegaram à ilha dos Onis, tudo parecia assustador, os portões do castelo eram grandes e escuros, havia névoa e o dia estava escuro.

O macaco, com toda sua agilidade, escalou o alto portão e o destrancou por dentro. Todos entraram no castelo e deram de cara com os horrendos Onis, que se levantaram e encararam os quatro. "Sou Momotaro e vim enfrentá-lo". Travou-se então uma grande luta. O faisão voava e, com seu bico afiado, feria os inimigos. O cachorro corria em volta do Onis e lutava com dentadas, enquanto o macaco utilizava suas unhas.

Finalmente, após muita luta, Momotaro e seus companheiros derrotaram os Onis. "Nunca mais vamos invadir as aldeias e prejudicar os moradores, nós prometemos. Por favor, poupe nossas vidas ", disse o chefe dos Onis.

Compreensivo e bondoso, Momotaro perdoou os Onis. Em troca, o chefe ofereceu-lhe os tesouros que eles vinham roubando das aldeias, eram moedas de ouro, pedras preciosas e outros objetos de grande valor. Momotaro retornou para casa e, quando seus pais o viram, não puderam acreditar. Ele estava salvo e carregava um grande tesouro, que foi dividido entre todos os moradores da aldeia.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Lendas Japonesas: O Mito da Tartaruga.

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A Tartaruga (Kame em japonês), é um dos animais que simboliza a longevidade. Diz-se que ela vive até 10.000 anos !
O mito em torno da tartaruga diz que ela é uma dos quatro animais sagrados (os outros são: dragão, fênix e unicórnio).
O Kame sustenta o mundo em suas costas, e suas quatro patas, simbolizam os quatro pilares espirituais que seguram o planeta Terra.
Além disso, as marcas no casco de uma tartaruga representam as constelações do universo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Lendas Japonesas: O Veado de Cinco Cores

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Antigamente, existia um veado que tinha chifres brancos e cinco cores. Ele morava em uma montanha, evitando assim ser visto pelos homens. Certa vez, um homem estava se afogando no rio. Ao ouvir os gritos de socorro, o animal resolveu ajudá-lo. “Obrigado! Como poderei agradecer?”, disse o homem. “Só peço uma coisa: nunca conte a ninguém que vivo nesta montanha”, explicou o animal, dizendo que corria risco de morte devido a beleza de sua pele. O homem concordou e voltou para sua aldeia. Um dia, a rainha sonhou com esse animal, e o rei anunciou que quem descobrisse o cervo receberia um prêmio. O homem que havia sido salvo pelo animal se ofereceu para apanhá-lo, e o rei decidiu ir com ele. Quando chegaram à montanha, sem ter para onde fugir, o veado se aproximou e disse: “Devido a cor do meu pêlo, tinha medo de ser visto pelos homens. Como vossa majestade descobriu meu esconderijo?”. “Foi ele quem me informou”, afirmou o rei, indicando o homem traidor.

“Quando o salvei, você me prometeu que não revelaria onde eu morava. Será que já esqueceu?”, disse o animal, com lágrimas nos olhos. Comovido, o monarca disse: “Esse indivíduo, cego pela cobiça, tentou tirar a vida daquele que lhe salvou”. O homem foi decapitado, e a caça de veados foi proibida no reino. O país prosperou e teve paz por muito tempo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Lendas Japonesas: A Lenda da Segonha

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O Tsuru (cegonha em japonês) é um dos animais que simbolizam a mocidade eterna e felicidade da Ásia.
Diz-se que ela vive 1000 anos. São, possivelmente, os pássaros mais velhos da Terra.
Era considerado o pássaro companheiro dos eremitas que faziam meditação nas montanhas. Como esses eram eremitas místicos, que supunham terem poderes sobrenaturais para não envelhecer, o tsuru, passou a ser considerado um pássaro possuidor de vida
longa.
É uma das aves mais conhecidas do Oriente, perdendo apenas para a Fênix, a ave que renasce das cinzas.
A cegonha é considerada a mãe de todas as aves e representa o canal entre o mundo dos vivos e dos
mortos.
Algumas vezes a imagem do tsuru é colocada em caixões, para que a alma do morto seja levada para o céu em suas costas.
Como um símbolo de longevidade, os japoneses costumam presentear os amigos com uma dobradura de
papel (origami) em forma de Tsuru.
Dizem que se você conseguir dobrar mil tsurus (enquanto mentaliza um desejo), este desejo será realizado !!!

domingo, 9 de agosto de 2009

Lendas Japonêsas: A Lenda do Judô

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Existem duas lendas que supostamente deram origem ao judô, uma japonesa e outra chinesa.
A lenda japonesa fala de um salgueiro e de uma cerejeira no inverno...
Os galhos da cerejeira quebravam tal fósforos sob o peso da neve, enquanto que o salgueiro, flexível, cedia, fazia a neve escorregar e não lhe dava chance de pressioná-lo.
Este é o princípio do Judô : “Ceder para Vencer”.

sábado, 18 de julho de 2009

Lendas Japonesas - Kin no ono - Machado de ouro



Era uma vez um casal de idosos que vivia sozinho numa cabana construída ao pé de uma montanha.
Um dia, o velhinho subiu a encosta em busca de lenha. Mas quando cortava uma árvore, o machado acabou se desprendendo do cabo, e caiu no lago que se formava sob uma cachoeira. Ele desceu até a margem, preocupado em recuperar aquela importante ferramenta de trabalho.
Enquanto se debruçava sobre as águas, o velhinho viu uma grande carpa se aproximando, trazendo um machado de ouro na boca. O peixe parou, oferecendo-lhe a peça. Mas o velhinho era honesto demais para aceitar algo que não lhe pertencia.
- Mas o meu machado é de ferro - disse o velhinho.
Ao ouvir isso, a carpa mergulhou novamente, voltando com a peça de ferro, já gasta pelo tempo.
O homem agradeceu e retornou para casa.
Mas no dia seguinte, ao acordarem, os dois idosos levaram um susto: o machado de ferro havia se transformado em uma peça de ouro maciço. Eles ainda estavam comemorando o acontecimento quando sua vizinha veio bater à porta para pedir emprestado um pouco de lenha. Ao ver a peça de ouro, os olhos da visitante brilharam, cheios de cobiça:
- Onde vocês conseguiram isso? - perguntou.
Então, o velhinho explicou toda a história.
A vizinha correu para casa, e contou o episódio para o marido, e pediu-lhe que fosse até a montanha cortar a árvore, no mesmo local onde o velho tinha ido. Ele foi e fingiu que estava cortando o tronco de uma árvore.
De repente, deixou cair o machado dentro do lago. Ao chegar à margem, viu a carpa gigante trazendo a ferramenta.
- Mas meu machado é de ouro, disse ao peixe.
A carpa mergulhou e aproximou-se dele com uma peça reluzente na boca. O homem mal conseguia se conter. Ansioso para colocar as mãos no machado de ouro, acabou se precipitando e caiu no lago, morrendo afogado.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Lendas Japonesas: Kasajizou

Há muito tempo atrás, em uma pequena aldeia do Japão, vivia um pobre velho e sua esposa.
Um dia, quase próximo ao Ano Novo, a esposa olhou a caixa onde guardava seu arroz e percebeu que não havia mais nenhum grãozinho... Eles estavam sem dinheiro nenhum e não havia sequer uma migalha de comida em sua casa... Um ratinho saiu da toca e disse a velhinha:
- Eu estou com muita fome vovó!!!
- Puxa, me perdoe meu ratinho - disse a velha - nós não temos nada para comer!!!
Então ela virou-se para o seu marido e lhe disse:
- Precisamos fazer algo... Até os ratos sentem fome!!!
Foi então que decidiram fazer chapéus, juntamente com a ajuda dos ratinhos...
Conseguiram fazer cinco. Então o pobre velhinho foi até a cidade vender e poder assim, conseguir um pouquinho de dinheiro para passar o fim de ano...
Era uma longa caminhada até a cidade, mas sua força de vontade lhe dava ânimo para suportar aquele frio e a fina neve que caia. Chegando a cidade, o velhinho começou a gritar:
- Olha o chapéu!!! Quem vai querer???
Ofereceu a um casal, mas a única resposta que ouviu foi:
- Para que vou querer isso???
E assim, passou o dia... Nenhum chapéu foi vendido e o velhinho começou sua caminhada de volta para casa, triste por não ter conseguido nenhuma moeda sequer...
A neve estava começando a ficar mais forte... No caminho encontrou as Estátuas de Pedra de "Jizo-Sama" com a cabeça já cobertas de gelo... Então pegou sua toalha e cuidadosamente começou a retirar a neve de cada um deles, ao mesmo tempo em que dizia:
- Infelizmente não tenho dinheiro para comprar comida e dar à vocês nessa festa de Ano Novo, pois não vendi nenhum chapéu sequer... Mas vou deixá-los aqui para protegê-los da neve!!!
O velhinho então, pegou o chapéu e começou a cobrir a cabeça de cada um, mas eram 6 estátuas e só tinha 5 chapéus...
- Puxa, vai faltar um chapéu... Que vou fazer agora??? Não posso proteger a cabeça de apenas 5 e deixar um desprotegido!!!
Então o velhinho pegou a toalha com que havia limpado as estátuas, colocou na cabeça do sexto Jizo Sama e lhe disse:
- Me perdoe, pois faltou um chapéu... Mas não posso partir e deixar você desprotegido, por isso colocarei essa toalha em sua cabeça.
E continuou sua caminhada de volta para casa...
Chegando em casa, a esposa viu que seu marido estava sem os chapéus e ficou feliz, achando que ele havia vendido todos!!! O marido meio sem jeito disse:
- Na verdade eu não vendi nenhum, apesar da cidade estar cheia de pessoas...
- Mas então, onde estão os chapéus??? - perguntou a esposa.
- Eu encontrei as estátuas de Jizo Sama no caminho e como a neve estava muito forte, deixei com eles para que se protejam.
Sua esposa ficou orgulhosa de seu marido e disse:
- Que gesto nobre!!! Passaremos o Ano Novo sem comida, mas o mais importante é que, apesar de sermos pobres, temos uma casa para nos proteger do frio e vivemos com saúde!!!
A noite chegou... Já estavam deitados, quando ouviram vozes:
- Entrega de Ano Novo!!! Onde é a casa do vendedor de chapéu??? Abra a porta vendedor!!!
Levantaram correndo e ao abrir a porta depararam-se com muitos sacos de arroz e comidas em abundância para passar o Novo Ano com a mesa farta!!! Havia um bilhete escrito: "Obrigado por seus chapéus. Nós estamos retribuindo sua boa ação, com esses mantimentos. Feliz Ano Novo!!!"
Olharam em volta e viram 6 vultos caminhando sobre a neve... Eles estavam usando seus chapéus e concluiu ser as estátuas de Jizo Sama.
Felizes da vida, chamaram os ratinhos e começaram a preparar a comida. A mesa estava farta e quando preparavam-se para comer o velhinho disse:
- Obrigado Jizo Sama!!! Esse será o melhor Ano Novo de nossas vidas!!!

domingo, 10 de maio de 2009

Lendas Japonesas - Issunboshi

chibi anime boy bandage Pictures, Images and Photos
Há muito tempo atrás vivam um casal...
Eles formavam um par perfeito, mas apesar do Amor que sentiam um pelo outro, faltava-lhes um filho...
Certo dia, foram a um templo e oraram: Nós agradecemos pela nossa Felicidade e pelo nosso grande Amor, mas falta-nos um filho para que a nossa Felicidade seja completa!!! Por favor, ajude-nos... Precisamos de um filho, uma criatura bem pequenina para que possamos dividir o nosso Amor e Carinho!!!
Pouco tempo depois, sua esposa engravidou e tiveram um lindo menino... Mas estranhamente, ele
nasceu com apenas 3 cm...
Isso não importa!!! O Importante é que agora nossa Felicidade está completa!!! - dizia o casal. Vamos chamá-lo de Issunboshi.
O tempo passou e o pequeno garoto não crescia nem um centímetro sequer. Um dia, Issun disse aos pais que desejava ir até a cidade e conseguir muito dinheiro, para que pudesse dar uma vida mais digna à eles. Seus pais ficaram preocupados, mas aceitaram seu pedido, afinal apesar do tamanho, já era maior de idade.
Para ajudar o filho, pegaram uma agulha de costura, para servir-lhe de espada. A tigela de arroz, serviria como um barquinho e o par de palitos, serviria de remos.
Issunboshi foi até a margem do rio, montou em sua tigela e partiu...
Chegando a cidade, andou de um lado para o outro, desviando-se das pessoas, tomando cuidado para não ser esmagado por elas. Andou por muitas horas, até que encontrou uma mansão e resolveu pedir emprego ao proprietário. Então Issun aproximou-se e gritou: Por favor senhor, preciso lhe falar...
O homem olhou para a porta e não viu ninguém... De repente, ouviu novamente a voz: Senhor, eu estou aqui em baixo... em cima do tamanco!!!
O homem então, pegou Issunboshi e colocou-o na palma de sua mão para que pudesse enxergar melhor
o pequeno rapaz... Issun então lhe disse: Estou aqui a procura de um emprego, por favor, preciso trabalhar para poder ajudar meus pais.
O homem instantaneamente gostou de Issun e sua filha achou-o uma gracinha, então decidiram empregar aquele pequeno rapaz. Issunboshi e a menina tornaram-se grandes amigos e ele ajudava-a em tudo.
Um dia, a menina pediu ao pequeno jovem que a acompanhasse até o templo de Kiyomizu, pois precisava pagar uma promessa... No meio da estrada, depararam-se com dois monstros que impediam seu caminho. Issun foi ao ataque, mas o monstro pegou o pequeno rapaz e... engoliu!!!
Issun então, com sua agulha começou a espetar o
estômago do monstro e ele por sua vez, sentindo muita dor...
Espetou aqui e ali, até que conseguiu sair pela boca do terrível monstro. Então começou a espetar seus olhos, seu nariz e o monstro desmaiou de tanta dor... O outro, com medo saiu correndo,
deixando cair seu martelo.
A menina então correu, pegou o martelo e disse a Issunboshi: Esse é um Martelo Mágico!!! Se você fizer um pedido, ele virá em dobro para você!!! Peça dinheiro, saco de arroz e tudo virá em abundância!!!
Issunboshi então, respondeu: Não desejo ser rico e nem ter abundância de comida... Quero apenas ser grande!!!
A menina sacudiu o martelo e disse: Cresça... Cresça... Cresça!!!
Como num passe de mágica, Issun começou a crescer... crescer... crescer... Issunboshi tornou-se um homem grande, charmoso e muito bonito!!!
Voltou à sua terra natal e pegou seu pais para morarem junto com ele na cidade grande...
Algum tempo depois, Issunboshi e a linda menina casaram-se e viveram Felizes para Sempre!!!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Lendas Japonesas: Compra das luvas

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(No Japão há a crença que as raposas e os texugos enganam os humanos. Transformam-se em outras coisas ou outros animais e que sabem fazer magia para transformar coisas, especialmente folhas de árvore, em notas ou moedas. Há muitas histórias antigas relacionadas com raposas e texugos.)

Era uma vez, uma mãe raposa e o seu filho que moravam numa floresta. O Inverno já tinha chegado e fazia muito frio lá.
Uma manhã, quando o raposinho estava quase a sair da toca, de repente caiu gritando e voltou-se para a mãe tapando os olhos com as mãos.
- Mãe, ó minha mãe! Fui espetado nos olhos! Foram picados! Tem alguma coisa nos meus olhos! Tira!Tira!
A mãe do raposinho ficou surpreendida e preocupada, tirou as mãos do filho dos olhos e olhou para eles. Mas, não encontrou nada. Estranhou, saiu da toca e compreendeu o que é que tinha acontecido. Lá fora, havia tanta neve e tão
branquinha! Estava a brilhar aos raios do sol. Como o filho não sabia o que era neve, pensou que os seus olhos tinha sido picados pelo brilho. Mas foi simplesmente a forte luz a refletir na neve. A mãe explicou isto e o filho ficou aliviado.
Começou a brincar com a neve. Esta era macia e semelhante ao algodão. Quando ele corria, os flocos de neve espalharam-se e apareceu um arco-íris. A seguir, ele ouviu atrás um grande barulho "Bbzz..." e de repente ele ficou coberto de tanta neve como
se fosse farinha. Espantado, quase caiu mas fugiu para um lugar afastado.
- O que é isto?
Virou-se para trás mas não encontrou nada. Não sabia que era a neve que tinha caído da árvore. A neve continuava a cair ali. Parecia uma linha de seda branca.
Voltou, então, o raposinho para a toca.
- Ó mãe, as minhas mãos estão frias, muito frias!" - disse o raposinho e mostrou as suas mãos
vermelhas e molhadas à mãe.
- Coitadinho!
A mãe deu-lhe um sopro quente e cobriu-as
ligeiramente com as suas mãos quentes.
- Já te vais sentir bem. Depois de mexer na neve, as mãos ficam frias mas aquecem em pouco tempo. Não te preocupes!! - dizendo isto, pensou que era melhor comprar umas luvas para o filho. Não queria que as mãos dele tivessem frieiras e planeou ir às compras à cidade nessa noite.
A noite chegou e começou a cobrir o campo e a floresta, mas a neve estava tão branca que iluminava a floresta. A mãe e o filho saíram da toca mas ela estava com um bocadinho de receio. O filho escondeu-se debaixo da barriga da mãe e começaram a caminhar para a cidade.
O filho estava com muita curiosidade porque era a primeira vez que saía da floresta. Viram uma luz em frente ao longe.
- Ó mãe, está lá uma estrela! - disse o raposinho.
- Não é uma estrela...
A mãe parou com medo no caminho.
- É a luz da cidade.
Quando a viu, ela lembrou-se de uma má experiência. Há algum tempo atrás, ela tinha ido à cidade com uma amiga. Nesse dia, a amiga tentou roubar um pato de uma casa apesar dos pedidos da raposa para que não o fizesse. Um homem descobriu-as e tentou apanhá-las, gritando. A mãe raposa teve muito medo e decidiu que nunca mais ia à cidade.
- Mãe....? Em que é que estás a pensar? Vamos ali agora! - disse o raposinho debaixo da barriga da mãe.
Mas ela não conseguiu avançar com o medo. Então, decidiu mandar o filho sozinho à cidade.
- Ó amor, dá-me a tua mão - disse a mãe. Em seguida pegou numa mão do raposinho, e ela transformou-a numa mão humana de criança. O raposinho olhou estranhamente para ela, abriu-a, fechou-a e cheirou-a repetidas vezes.
- Ó mãe, é estranho. O que é isto? - e olhou outra vez para ela sob o brilho da neve.
- É uma mão de humano. Ouve, amor. Quando fores à cidade, vais encontrar muitas casas de humanos. Primeiro, procura a loja que tem uma placa com um desenho de chapéu. Bata a porta ligeiramente e diz a palavra de cumprimento "Boa noite.". Então, lá dentro está um humano que vai abrir um bocadinho a
porta. Enfia a tua mão de humano no espaço da porta entreaberta e diz que queres umas luvas que fiquem
bem na tua mão. Compreendeste? Não enfies a outra mão - disse a mãe com a cara séria.
- Porquê, mãe? - perguntou o filho.
- Porque os humanos não vão vender umas luvas quando eles souberem que o cliente é um raposo. Além disso, vão apanhar-te e pôr-te numa jaula. Os humanos são realmente muito perigosos e horríveis -
disse a mãe.
- Ah é?
- Nunca mostres a tua mão de raposo. É esta, olha, é esta mão de humano que tens de mostrar! - disse a
mãe dando-lhe 2 moedas de cobre brancas para a mão humana.
O raposinho começou sozinho a caminhar na neve através do campo para a luz da cidade. Apareceu uma luz, depois duas... três... quatro.... e pouco a pouco a luz aumentou e por fim contou dez.
O raposinho pensou que as luzes vermelhas, azuis e amarelas eram como as estrelas. Entrou na cidade, mas já era noite e todas as lojas já estavam fechadas. Só conseguia ver as luzes das janelas altas que refletiam na neve. O raposinho procurou a placa com o desenho de um chapéu e caminhou, caminhou, caminhou.
Havia várias placas tal como de uma bicicleta e de óculos. Algumas eram novas e outras antigas. Ele não compreendeu o que significavam estas placas, pois era a primeira vez que ia à cidade.
Finalmente, encontrou uma placa com o desenho de um chapéu. Era uma placa com uma cartola preta e
grande. Estava iluminada com uma luz azul.
O raposinho bateu levemente à porta como a sua mãe já lhe tinha ensinado.
- Boa noite.
Então lá dentro fez-se algum som e alguém abriu um bocadinho a porta. Uma linha de luz espalhou-se na
terra, na neve branca. O raposinho ficou surpreendido porque esta luz era radiosa, e enganou-se na mão que devia mostrar. Enfiou a mão contrária na porta.
- Venda-me umas luvas que sejam próprias para esta mão.
O dono da chapelaria ficou surpreendido e duvidou. Era a mão de um raposo. Um raposo estava a pedir-lhe para vender umas luvas? Estará a tentar enganar-me? - pensou o dono.
- Primeiro, pague - disse o dono.
O raposinho deu 2 moedas de cobre.
Depois de as receber, o dono tocou nas moedas verificando o material e pensou que eram moedas
verdadeiras. Tirou umas luvas pequenas de lã do armário e passou-as para a mão do raposinho. Dizendo obrigado, o raposinho retomou o caminho de volta.
"A mãe disse que os humanos eram perigosos e horríveis, mas não são. Ele viu a minha mão e não me fez mal nenhum." - pensou o raposinho. E, por curiosidade, quis ver como era "o humano" pois ele ainda não o tinha visto.
Passou perto de uma janela. Ouviu uma voz de humano. Que bonita, que simpática, que generosa é esta voz!
- Dorme, dorme, na minha mama, Dorme, dorme, nos meus braços...
O raposinho acreditou que esta voz era de uma mãe humana porque a sua mãe também cantava para ele
sempre que adormecia...
Depois ouviu uma voz de criança.
- Ó mãe, acho que, esta noite com este frio, os raposinhos na floresta estão a chorar."
Então ouviu a voz da mãe:
- Os raposinhos na floresta também estão na toca a adormecer ouvindo a canção de mãe. Dorme, amor. Quem é que vai adormecer mais rápido? Tu ou o raposinho?"
De repente, o raposinho lembrou-se da sua mãe e correu para a sua casa o mais rapidamente possível.
Tinha muitas saudades da minha mãe. Quero ver a minha mãe!
A mãe do raposinho estava à espera dele, preocupada, tremendo de frio. Quando viu que o seu filho se dirigia a ela, ficou muito alegre e deu-lhe um abraço muito apertado.
A mãe e o filho voltaram para a floresta. A lua já estava iluminando com a sua cor prateada.
- Ó mãe, não tenho medo nenhum dos humanos.
- Sim? Porquê?
- Eu... enganei-me na mão que devia mostrar, mas o dono da chapelaria não me prendeu. E deu-me estas
luvas muito confortáveis.
Dizendo isto, bateu palmas com as luvas. A mãe ficou pasmada e falou para os seus botões.
- Afinal os humanos são simpáticos?! Os humanos são bons?!

domingo, 12 de abril de 2009

Lendas Japonesas: Como um velho perdeu sua verruga

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Há muito tempo atrás um velhinho morava com sua esposa perto de uma floresta. Na juventude ele fora um belo rapaz, mas à medida que envelhecia, uma feia verruga cresceu-lhe na face, ficando, com a idade, cada vez maior. Durante anos, recorreu a médicos e magos e experimentou pós e poções, mas nada adiantou. Por fim resignou-se com a verruga e tentava mesmo brincar a respeito.
Um dia, o velho precisou de lenha para o fogo; foi então para as montanhas e cortou algumas achas. Fazia um dia fresco de outono e ele se sentia tão feliz que nem viu as nuvens se adensarem. Quando caíram as primeiras gotas, correu a procurar abrigo. Encontrou uma árvore oca e lá se escondeu, no extao momento em que irrompeu a tempestade. Trovões sacudiam as montanhas e raios cintilavam ao seu redor; ele, porém, estava seco e seguro. Depois de muitas horas, a tempestada amainou e o velho saiu de seu refúgio. Ouviu vozes à distância e pensou que seus vizinhos tinham vindo à sua procura. Mas quando viu do que se tratava, pasmou horrorizado - uma horda de gnomos e demônios se aproximava!
Mais que depressa, volou para seu esconderijo na árvore, tremendo de medo. Os demônios chegaram e um dos gnomos - o mais horrendo de todos e obviamente o chefe - dirigiu-se ao seu bando, dizendo com um gesto:
- Vamos dar uma festa aqui.
Então o rei-demônio acomodou-se de costas para o velho, na frente da árvore oca. O pobre homem quase desmaiou de medo.
Os demônios organizaram rapidamente um piquenique e começaram a cantar. O velho observava atônito - nunca vira nada semelhante. Mas quando os demônios começaram a dançar, não pôde conter o riso. Eram desajeitados e deselegantes, e todos pareciam ridículos, dando coices para todo lado e caindo. Finalmente, o rei dos demônios com um gesto ordenou aos dançarinos que parassem.
- Vocês são ruins demais! - disse, se lastimando. - Não existe ninguém aqui que saiba dançar bem?
Ora, o velho adorava dançar e sabia dançar muito bem. - Eu poderia ensinar-lhe uns passos - pensou consigo mesmo, mas não ousava revelar sua presença, temendo que os demônios o matassem. O rei-demônio tornou a perguntar se alguém sabia dançar e o velho continuava dividido entre seu amor pela dança e seu medo dos demônios. O rei-demônio perguntou uma terceira vez e o velho mandou seus receios às favas.
Saiu da árvore e curvou-se perante o chefe dos demônios.
- Eu sei dançar, meu senhor - disse e começou a fazê-lo.
Os demônios ficaram escandalizados por terem um homem em seu meio, mas, bem logo, admiraram a arte do velho. Começaram a marcar o ritmo com seus cascos, acompanhando a música e alguns se juntaram ao velho. Por sua vez, o velho sabia que sua vida dependia de ele dançar bem, de forma que pôs toda sua alma e todo seu coração em seus movimentos e divertiu-se, realmente. Quando parou, o rei-demônio aplaudiu e convidou-o a sentar-se ao seu lado, oferecendo-lhe um copo de vinho.
- Você precisa voltar amanhã para dançar para nós - o rei-demônio disse.
- Gostaria muito de vir - respondeu o velho.
Um dos conselheiros do rei admoestou-o. - Não se ode confiar nos homens. Precisamos ficar com algo que nos dê certeza de que ele vai voltar. - Infelizmente, o velho nada trazia de valor consigo.
- Bem, então - o rei-demônio disse - vou ficar com isto como penhor - e, estedendo a mão, agarrou a verruga do velho e arrancou-a com a facilidade de quem arranca um pessêgo maduro.
- Trate de voltar amanhã - ordenou, e todos os gnomos desapareceram.
O velho mal podia acreditar no que acontecera. Passou a mão pelo rosto e percebeu o quão suave - e simétrico! - estava. Ficou tão feliz, que foi para casa pulando, cantando - e dançando - durante todo o trajeto. A esposa, ao vê-lo livre da verruga, mostrou-se eufórica e ambos celebravam sua boa sorte.
Ora, o velho tinha um vizinho malvado e vaidoso que também tinha uma verruga e que nunca se cansara de procurar um tratamento para ela. Quando soube da celebração, foi espiar e ficou perplexo ao ver que a verruga do velho havia sumido. este homem invejosos imediatamente perguntou o que acontecera e o velho lhe contou a história dos demônios. O vizinho, então, insistiu para ir vê-los, no dia seguinte, em lugar do velho.
No dia seguinte, pois, o vizinho vaidoso rumou para as montanhas e encontrou a árvore oca, exatamente como o velho lhe dissera. E, sem sombra de dúvida, ao anoitecer, o bando de demônios apareceu.
- Onde está o velho que ia dançar para nós? - o rei-demônio perguntou. O mau vizinho rastejou para fora da árvore, tremendo de pavor. - Aqui estou! - disse e começou a dançar. Ele, no entanto, nunca havia aprendido a dançar; considerava a dança aviltante à sua dignidade de forma que apenas pulava de um lado para outro, agitando os braços. Ele achava que os demônios não iriam notar a diferença, porém o rei ficou ofendido.
- Mas que coisa horrível! - o rei-gnomo exclamou. - Você não está dançando como ontem! - O rei não atinara que estava tratando coim outra pessoa porque, a seu ver, todos os humanos eram iguais. - Não dá para agüentar! - o rei-demônio gritou, afinal. Vasculhou o bolo e encontrou a verruga.
- Olhe, devolvo-lhe o penhor.
Dizendo isso, atirou a verruga no homem vaidoso e esta grudou-lhe no rosto e não havia dúvida: tinha duas verrugas, uma em cada face! Esgueirou-se para dentro de casa bem mais trade da noite, e ninguém viu sua cara nunca mais porque, desse dia em diante, passou a usar um chapéu de abas largas, bem enfiado na cabeça.
Quanto ao velho que perdeu sua verruga, ele viveu ainda muito tempo e dançava quando se sentia feliz. O que, na verdade, acontecia quase sempre!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Lendas Japonesas: A toalha do monge

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Era uma vez uma velha que morava com o filho e a nora. A sogra tinha inveja da beleza da moça e judiava dela, ordenando-lhe que fizesse todo o trabalho pesado da casa. A moça, meiga e bondosa, nunca se queixava, o que deixava a velha ainda mais enfurecida.
Um dia, mandou que a moça preparasse uns bolos de arroz e, quando prontos, os contou. Foi então à vila fazer compras. Um monge andarilho parou junto à casa e a moça, generosa, lhe deu um bolo de arroz. Depois que o monge partiu, a sogra chegou, contou os bolos e notou, na hora, que estava faltando um.
- O que você fez com o bolo que está faltando?- esbravejou.- Criatura voraz e inútil!
- Dei ao monge - a moça explicou, tentando acalmar a velha.
- Bem, vá buscá-lo! - a sogra gritou.
A jovem esposa, então, correu atrás do monge, apresentou mil desculpas, e pediu o bolo de volta.
O monge riu e devolveu o presente. Por sua vez, deu à moça uma pequena toalha.
- Leve-a para enxugar o rosto - disse. - Sei que sua vida, com sua sogra, não é fácil.
A partir de então, a velha mãe começou a notar que sua nora ficava cada dia mais e mais linda. Isso aumentou-lhe a inveja e uma manhã, quando espiava sua nora, viu a moça enxugar o rosto com a toalha e observou que, cada vez que o fazia, ficava mais bela e radiante.
- Ela usa uma toalha mágica! - a velha murmurou consigo.
No dia seguinte mandou a moça fazer compras e roubou-lhe a toalha. Lavou o rosto e olhou-se no espelho. Não notou, porém, mudança alguma.
- Sou mais velha - pensou -, portanto, preciso enxugar com mais força!
Enxugou o rosto várias vezes e mirou-se no espelho. Para seu horror seu rosto tornou-se longo e eqüino, depois peludo e redondo, como a cara de um macaco. Finalmente, ficou com a cara de um gnomo feio e grotesco!
- Nossa! - exclamou a velha e caiu ao chão desmaiada.
Nesse momento, voltou a nora. Viu o demônio dentro da casa e preparou-se para fugir. A velha gritou: - Socorro!
A nora reconheceu a voz da sogra e ficou com pena dela. - Você precisa dar um jeito! - a velha implorou.
Então a nora saiu correndo, em busca do monge.
Encontrou-o não muito distante dali e contou-lhe o que se sucedera. Ele riu.
- Quando uma pessoa malvada usa a toalha - o monge disse -, acaba parecendo um demônio!
- E não há cura? - a moça perguntou.
- Há - o monge riu novamente. - Diga à sua sogra que use o outro lado da toalha!
A jovem esposa correu para casa e disse à velha qual a solução. A sogra, no mesmo instante, virou a toalha e enxugou o rosto. Na primeira vez, seu rosto transfigurou-se de gnomo em macaco; na segunda vez, em um focinho de cavalo e, na terceira, transformou-se em seu próprio rosto enrugado, mas humano.
A velha abraçou a nora e chorou.
- Querida filha - a mãe falou, implorando perdão -, eu não via como eu era má com você!
E desse dia em diante, nunca mais pronunciou uma palavra áspera para ninguém. Tornou-se boa e generosa e trabalhou lado a lado com a nora. Tinha a esperança de que o velho monge da toalha mágica voltasse um dia, para que pudesse agradecer-lhe.
Ele, porém, nunca mais voltou - nem foi preciso

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Lendas Japonesas: A criação do mundo!

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seguinte estória da criação é um reconto a partir do Kojiki, a mais antiga crônica do Japão, compilada em 712 E.C. por Ono Yasumaro. Esta versão é de mais fácil entendimento para o leitor moderno do que o original, mas suas características essenciais foram preservadas. A busca por Izanami no submundo é um reminescente da busca do semideus Orpheus por sua mulher Eurídice, no Hades, e mesmo do mito Sumeriano da descida de Innana ao submundo.




O Início do mundo




Antes do Céu e da Terra virem à existência, havia o Caos, inimaginavelmente ilimitado e sem forma definida. Por eras e eras a fio: e aí ..., dessa massa sem fronteiras e sem forma emergiu algo leve e transparente e formou o céu. Este algo era a Planície dos Céus Elevados, na qual se materializou uma deidade chamada Ame-no-Minaka-Nushi-no-Mikoto (a Deidade-do-Augusto-Centro-do-Céu).
Logo depois os Céus deram a luz a uma deidade chamada Takami-Musubi-no-Mikoto (a Elevada-Augusta-Deidade-Produtora-de- Maravilhas), seguida de uma terceira chamada Kammi-Musubi-no-Mikoto (a Divina Deidade-Produtora-de-Maravilhas).Estes três seres divinos foram chamados de As Três Deidades Criadoras.
Enquanto isto, o que era pesado e opaco neste vazio gradualmente se precipitou e se transformou na terra, mas levou um tempo imensamente longo para se condensar suficientemente e formar um solo sólido. Em seu estágio primordial, por milhões e milhões de anos, a terra se assemelhava a uma mancha de óleo flutuante, como uma água-marinha na superfície da água. De repente, como que jorrando por um tubo, dois seres imortais nasceram de suas entranhas. Eles eram a Deidade Umashi-Ashi-Kahibi-Hikoji-no-Mikoto (a Deidade-Príncipe-Primogênito-do-Agradável-Jorro-doTubo) e a DeidadeAme-no-Tokotachi-no-Mikoto (a Deidade-Celestial-Eternamente-Pronta)...
Muitos deuses então nasceram em sucessão, e assim, eles cresceram em número, mas enquanto o mundo permanecia num estado caótico, não havia nada para eles fazerem. Onde, as Divindades Celestiais convocaram os dois seres divinos, Izanagi e Izanami, e lhes ordenou que descessem ao lugar nebuloso, ajudando-se mutuamente, para consolidar o lugar em terra firme.
- Lhes conferimos este tesouro precioso, com o qual governarão a terra, a criação que lhes ordenamos fazer.
E assim dizendo, eles entregaram aos dois uma lança chamada Ama-no-Nuboko, cravejada com pedras preciosas. O casal Divino recebeu respeitosa e cerimoniosamente a arma sagrada e se dirigiram para a Ponte Flutuante do Céu, que ficava entre o Céu e a Terra, e permaneceram por um instante para olhar o que havia abaixo. O que eles avistaram foi um mundo ainda não condensado, parecendo um mar de neblina, exalando um odor de inexplicável fragrância. De primeiro, eles ficaram perplexos, sem saber onde e como começar, mas logo Izanagi sugeriu à sua companheira que eles deveriam tentar revolver a bruma com suas lanças. E assim dizendo enfiou o bastão com jóias e descobriu que tocara em algo. Retirando o bastão, ele o examinou e descobriu que uma gota grande que caíra do bastão quase que imediatamente se coagulou e formou uma ilha, que é hoje a Ilha de Onokoro. Felizes com o resultado, as duas Divindades desceram da Ponte Flutuante para a Ilha que miraculosamente havia sido criada. Esta ilha serviu de base para a tarefa subseqüente que era criar um país. Então, desejando se tornar marido e mulher, eles erigiram no centro da ilha, um pilar, o Augusto Pilar Celestial, e construíram ao seu redor um grande palácio chamado "O Hall dos Oito Fantasmas". Donde a Deidade masculina se virando para a esquerda, e a Deidade feminina para a direita, deram a volta no pilar indo em direções opostas. Quando eles, de novo, se encontraram naquele mesmo lado do pilar, Izanami, a Deidade feminina, falando primeiro, exclamou:
- Que bom encontrar um jovem tão bonito!.
E Izanagi, a Deidade masculina respondeu:
- Que bom eu me deparar com tão linda donzela!Depois de dizer isto, a Deidade masculina disse que não estava correto uma mulher se antecipar ao homem em um cumprimento. Depois disto, eles se uniram no leito conjugal, instruídos por dois pássaros de caldas longas que sobrevoavam o lugar. A Deusa deu à seu consorte divino um filho, mas o bebê nascera fraco e sem ossos. Pesarosos, eles o abandonaram na água, colocando-o em um bote feito de junco. O segundo filho foi tão desapontador quanto o primeiro. As duas Deidades, agora profundamente desapontadas com o seu fracasso e cheio de pressentimentos subiram aos Céus para saberem dos Deuses Celestiais qual era a causa de seus fracassos. Os Deuses fizeram uma cerimônia e então disseram:
- A culpa é da mulher. Ao dar a volta no Pilar, não foi correto nem apropriado que a divindade feminina falasse primeiro que a divindade masculina. Esta é a razão.
As duas Deidades viram a verdade e resolveram retificar o erro. Então, eles voltaram à terra novamente, e mais uma vez deram a volta no Pilar Celestial. Desta vez Izanagi falou primeiro:
- Que bom encontrar tão linda donzela!
- Eu estou tão feliz!- respondeu Izanami - de poder encontrar um jovem tão bonito!.
Este processo foi mais apropriado e de acordo com a lei da natureza. Depois disto, todas as crianças nascidas deles não deixaram nada a desejar. Primeiro, a Ilha de Awaji nasceu, depois, Shikoku, depois, a ilha de Oki, seguida de Kyushu; e depois disto, a ilha de Tsushima nasceu, e por último, Honshu, a ilha principal do Japão. O nome Oyashi-ma-kuni (o País das Oito Grandes Ilhas) foi dado às ilhas. E depois disto, as duas Divindades se tornaram pais de numerosas ilhas menores destinadas a circundar as maiores.




O Nascimento das Divindades




Tendo construído um país do que não passava antes uma mera massa flutuante, as duas Deidades, Izanagi e Izanami, procriaram as divindades destinadas a presidir a terra, o mar, as montanhas, os rios, as árvores e as ervas. O primeiro rebento provou ser o deus do mar, Owatatsumi-no-Kami. Depois eles geraram os deuses patronos dos portos, com a divindades masculina Kamihaya-akitsu-hiko que controla a terra, e a deusa Haya-akitsu-hime que controla o mar. Estes dois deuses depois deram a luz a outros oito deuses.
Logo após Izanagi e Izanami deram a luz à divindade do vento, Kami-Shinatsuhiko-no-Mikoto. No momento de seu nascimento, a sua respiração era tão potente que as nuvens e as brumas que existiam na terra desde o início dos tempos, foram imediatamente dispersas. Como conseqüência, cada canto da terra se encheu de brilho. Kukunochi-no-Kami, a deidade das árvores, foi o próximo a nascer, seguido de Oyamatsumi-no-Kami, a divindade das montanhas, e Kayanuhime-no-Kami, a deusa das planícies...
O processo de procriação, até então tinha acontecido sem dificuldades, até o nascimento de Kagutsuchi-no-Kami, o deus do fogo, uma desgraça não prevista se apoderou de Izanami. Durante o seu resguardo, a deusa foi tão queimada pela criança flamejante que ela se esvaiu. O seu consorte divino, profundamente alarmado, usou de todos os seus poderes para ressucitá-la, apesar dele ter conseguido restaurar sua consciência, o seu apetite havia desaparecido. Izanagi,então com todos os cuidados, preparou para o seu deleite vários pratos deliciosos, mas em vão, pois tudo que ela engolia, quase que imediatamente era rejeitado. Foi desta maneira que ocorreu o maior dos milagres. Da boca de Izanami espirrou Kanayama-biko e Kanayama-hime, respectivamente o deus e a deusa dos metais, enquanto de outras partes de seu corpo surgiram Haniyasu-hiko e Haniyasu-hime, respectivamente o deus e a deusa da terra. Antes de fazer o seu "desaparecimento divino", que marca o fim de sua carreira terrena, de uma maneira miraculosa ela deu a luz ao seu caçula, a deusa Mizuhame-no-Mikoto. Seu falecimento marca a introdução da morte na terra. Similarmente a decomposição de seu corpo e a tristeza ocasionada por sua morte foram as primeiras que aconteceram na terra.
Com a morte de sua fiel esposa Izanagi estava bastante solitário no mundo. Juntamente com ela, e de acordo com as instruções dos Deuses Celestiais, ele havia criado e consolidado o Império Ilha do Japão. Na realização de sua missão divina, ele e sua esposa celestial haviam vivido uma vida de cooperação e amor mútuo. Portanto, mais do que natural, que a morte dela tenha lhe dado um golpe mortal.
Ele se jogou sobre sua forma prostrada, chorando:
- Oh, minha querida esposa, porque fostes, me deixando sozinho? Como posso eu substituí-la por pelo menos uma criança? Volte para o bem do mundo, no qual ainda existe tanto para nós dois fazermos. E num surto de dor incontrolável, ele ficou soluçando sem parar. As suas lágrimas quentes caiam como granizo, e aí... de suas lágrimas nasceu um lindo bebê, a deusa Nakisawame-no-Mikoto. Surpreso, ele pára as suas lágrimas olhando para a criança recém-nascida, mas logo suas lágrimas voltaram a cair mais rápido que antes. E aí, de repente, seu estado mental mudou. Com amargura, seus olhos caíram sobre a criança de fogo, cujo nascimento havia se provado fatal para sua mãe. Ele sacou de sua espada, Totsuka-no-tsurugi, e chorando em seu lamento:
- Seu odioso matricídio!
E decapitou o seu rebento. Isto fez jorrar um tubo de sangue. E de sua espada com sangue nasceram oito fortes e galantes deidades.
- O quê? mais crianças? - gritou Izanagi, surpreendido com suas aparições repentinas, e naquele exato momento, ele ainda viu mais oito deidades nascerem do corpo sem vida do pequeno deus de fogo. Eles saíram de várias partes de seu corpo (cabeça, tronco, estômago, mãos, pés, umbigo) e, para aumentar a sua surpresa, todos eles estavam olhando firmemente para ele. Estupefato, ele inspecionou os novos visitantes, um após o outro.
Enquanto isto, Izagami, por quem o seu marido divino havia chorado tão amargamente, havia partido deste mundo para sempre para a terra de Hades.




A Visita de Izanagi à Terra de Hades




Como para a Deidade Izanagi, que tinha agora se tornado viúvo, a presença de tantos bebês deve ter, de alguma forma, o confortado, ainda quando ele se lembrava de como sua esposa que partira havia sido fiel, ele chorava por ela novamente, com seu coração partido de tristeza e seus olhos cheios de lágrimas. Neste estado, ele se sentava sozinho à meia noite, e chama seu nome várias vezes apesar de saber que não obteria resposta. Seus lamentos meramente ecoavam de volta nas paredes de seu quarto.
Incapaz de suportar a sua dor, ele resolve descer às Regiões Baixas para procurar por Izanami e trazê-la de volta , a qualquer custo. Ele começa sua longa e duvidosa jornada. Milhões de quilômetros separavam a terra das Regiões Baixas e haviam incontáveis passagens e lugares perigosos para se negociar, mas a determinação de Izanagi de recuperar a sua esposa o capacitou para superar todas estas dificuldades. Com tempo ele conseguiu chegar a seu destino. E distante dele, ele avistou um castelo grande.
- Não há dúvida - ele falou satisfeito - é lá que ela mora.
Se enchendo de coragem, ele se aproximou da entrada principal do castelo. Onde ele avistou um grande número de demônios gigantes, alguns vermelhos e outros pretos, guardando os portões, com olhos alertas. Ele muda de rumo e se esquiva para um portão no fundo do castelo. Descobre para sua surpresa, que o portão havia sido deixado sem guardas. Ele se esquiva pelos portões entrando no interior do castelo, quando imediatamente avista sua esposa parada perto de um portão de um pátio interior. Feliz, a Deidade clama por seu nome.
- Alguém me chama? - soluçou Izanami-no-Mikoto, e levanta sua cabeça para olhar em sua volta. Para sua surpresa, ela vê seu amado marido parado no portão olhando para ela. Na verdade, ele havia estado em seus pensamentos como ela nos dele. Com o coração saltitante de alegria ela se aproximou dele. Ele tomou suas mãos gentilmente e murmurou:
- Minha querida, eu vim para levá-la de volta para o mundo. Venha, eu suplico, e terminemos nosso trabalho da criação de acordo com o desejo dos Deuses Celestiais... Nosso trabalho que foi deixado pela metadde por causa de sua partida. Como posso eu fazer este trabalho sem você? A sua perda significa para mim a perda de tudo.
Este apelo veio do fundo de seu coração. A deusa compreendeu-o profundamente, mas respondeu com profundo pesar:
- Se eu pudesse! Você veio muito tarde. Eu já comi da fornalha de Hades. Tendo comido das coisas desta terra, tornando impossível para mim voltar ao mundo.
E assim dizendo, abaixou a sua cabeça em profunda tristeza.
- Não, eu devo implorar para que voltes. Não podes pensar em um jeito para que isto possa ser realizado? - exclamou o marido chegando mais perto dela.
Depois de alguma reflexão, ela respondeu:
- Vós vindes um longo caminho para me salvar. Oh! como eu aprecio sua devoção! Eu desejo, de todo o coração, voltar convosco, mas antes que possa fazê-lo, eu devo primeiro obter a permissão dos Deuses de Hades. Espere aqui até eu retornar, mas lembre-se que, enquanto isto, em hipótese alguma, deveis olhar dentro do castelo.
- Eu juro, assim o farei conforme ordenastes -disse Izanagi - mas não retardes em vossa busca.
Confiando nas garantias do marido, a deusa desaparece para dentro do castelo.
Izanagi observou literalmente as observações de sua esposa. Ele ficou onde estava, e esperou impacientemente pelo retorno de sua esposa. Provavelmente para sua mente impaciente, um simples bater do coração deve ter parecido uma eternidade. Ele esperou, esperou, mas nenhuma sombra de sua esposa aparecer. O dia gradualmente chegou e se foi, e a escuridão começava a cair, e um vento estranho começou a soprar em sua face. Corajoso que ele era, foi tomado por um estranho sentimento de apreensão. Se esquecendo das promessas que fizera à deusa, ele quebrou um dos dentes de um pente que ele usava no lado esquerdo da cabeça, e o ascendeu, ele entrou pé ante pé, olhando a sua volta. Para seu horror ele encontra Izanami morta em um quarto, e de repente, acontece uma mudança nela. Ela que sempre fora maravilhosa, havia se transformado em um corpo podre, em avançado estado de decomposição. E ainda para maior horror que seus olhos podia ver; o Trovão de Fogo residia em sua cabeça, o Trovão Negro em sua barriga, o Trovão da Entrega em seu abdome, o Trovão Jovem em sua mão esquerda, o Trovão da Terra em sua mão direita, o Trovão Ressonante em seu pé esquerdo, e o Trovão do Sono em seu pé direito. Ao todo, oito Deidades-Trovão haviam nascido e residiam lá, presos ao que sobrava dela e cuspindo fogo de suas bocas. Izanagi-no-Mikoto horrorizado com esta visão, deixa a luz cair e sai disparado. O barulho que ele faz acorda Izanami de seu sono da morte.
- Céus - ela grita - ele deve ter-me visto neste estado revoltante. Ele me envergonhou e quebrou seus votos solenes. Miserável trapaceiro! Eu o farei sofrer, por seu perjúrio.
E se voltando para as Bruxas de Hades, que atendiam à ela, ordena para irem caçá-lo. A seu comando, um exército de demônios femininos saem à caça da Deidade.
Habilmente, Izanagi joga sua coroa no chão e esta se transforma num cacho de uvas. Os demônios param para apanhar mas voltam a correr atrás do Deus. Novamente, Izanagi atira ao chão outro objeto: os dentes que restaram do pente e estes transformam-se agora em brotos de bambu, que os demônios param para apanhar.
Quando Izanagi alcança a boca do inferno, apanha três pêssegos maduros e arremessa-os contra a horda que continua a persegui-lo. Desta vez os demônios fogem e Izanagi agradece aos pêssegos que lhe tinham salvo sua vida. A partir de então, como haviam prestado socorro à sua divindade, os frutos do pessegueiro ajudariam os humanos do Japão quando necessitassem de auxílio, tornando-se frutos divinos.